sexta-feira, 29 de março de 2013

Dancem Na Minha Festa


Todos somos mortais
E amortecidos sorrimos sem a pressa da dor
Catalizamos vocês, escolhas e nossas escolas da vida
Amamos os retos, os discretos, os alvos, os nossos
Hipnotizado raro convívio, deixados para trás
A baleia que semeia os planctos em suas cevadas aquáticas, respira
Ninhos oceânicos, mamãe!

Balesco, fascesco, faminto e os imperadores a rejeitam
Seu ventre a deleta, se esconde e a afugenta com as dores de um aborto in-consentido
Ela não merecia essa miséria, seu condutor de ódios e covardias! Apodreça na sua insignificância, seu vazio!

Nós sorrimos, pois foi sem seus dentes da frente que eu me acostumei a sorrir de tanto rir em mim
Me apresenta a bolacha assada com o bolo de feijão amassado
Feijão verde! Feijão sem medo! Feijão dela, feito por ela!
Novelas em tubos e eu correndo pela sala
Novelas, virtudes, verdades e "- Eu dizia umas poucas e boas!"
Lajes em telhas sem lajes, dela moradora de Lajes... Cabugi.
O gosto, a fumaça, a cuspida, a risada
O fumo, o fundo, a rede, o pinico, o cachimbo, o tabaco
Sofreu, não temeu
Gostou, não tombou
Viveu e alimentou

Noventa... Vigor... Anos... Saudades... Idade

Paz em vida, paz lá fora
Sua filha chorou, mas sempre orgulhosa de suas alegrias,
Velha canção, sempre risadas, sempre Adalgisa, sempre amada

E a jornada finalmente se completa.
Ela sorri e diz:
"- Dancem na minha festa."

Dancem.

(Poema para minha vó, Adalgisa, mamãe da minha mãe. Partiu hoje, 29/03/13, às 20h30 na cidade de Lajes  do Cabugi, aos 90 anos de idade. "Doía mais te ver em dor, mas ficamos com a memoria de sua trajetória. Amor e dedicação foi o que nos transformou. Beijos, Vó, sempre beijos.") Kaiony Venâncio... Neto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário